terça-feira, 4 de outubro de 2011

Itamar Assumpção, o “maldito” da MPB


Na postagem de hoje quero prestar uma homenagem ao cantor, compositor, instrumentista e produtor musical Itamar Assumpção, que nasceu na cidade Tietê, interior de São Paulo em 1949 e faleceu em 2003, vítima de câncer.

Conheci as canções do Itamar por meio da minha professora/ orientadora Fabiana Borsato em meados de 2006, achei incrível que a maioria das pessoas não o conhecia, mas isso é facilmente explicado, ele não fazia parte das grandes gravadoras, por isso o difícil acesso e o apelido de “maldito”.

Juntamente com outros músicos, como o pessoal do Grupo Rumo e parceiros de peso como Arrigo Barnabé, Paulo Leminsk, Alice Ruiz etc, Itamar Assumpção fez parte da Vanguarda Paulista nos anos 70 e 80. O propósito principal desses músicos era o de romper com as gravadoras, podendo produzir sons livremente. O palco principal das apresentações da Vanguarda Paulista era o Teatro Lira Paulistana.

Vários artistas conhecidos gravaram suas canções, entre eles estão Zélia Duncan, Ney Matogrosso, Cássia Eller entre outros.

Com a apresentação resumida deste grande artista, agora deixo para apreciação de vocês letra e música de “Cultura Lira Paulistana”, de autoria de Itamar Assumpção. Deleitem-se:


A ditadura pulou fora da política
E como a dita cuja é craca é crica
Foi grudar bem na cultura
Nova forma de censura
Pobre cultura como pode se segura
Mesmo assim mais um pouquinho
E seu nome será amargura ruptura sepultura
Também pudera coitada representada
Como se fosse piada
Deus meu por cada figura sem compostura
Onde era ataulfo tropicália
Monsueto dona ivone lara campo em flor
Ficou tiririca pura
Porcaria na cultura tanto bate até que fura
Que droga merda
Cultura não é uma tchurma
Cultura não é tcha tchura
Cultura não é frescura
A brasileira é uma mistura pura uma loucura
A textura brasileira é impura mas tem jogo de cintura
Se apura mistura não mata
Cultura sabe que existe miséria existe fartura e partitura
Cultura quase sempre tudo atura
Sabe que a vida tem doce e é dura feito rapadura
Porcaria na cultura tanto bate até que fura
Cultura sabe que existe bravura agricultura
Ternura existe êxtase e agrura noites escuras
Cultura sabe que existe paúra botões e abotoaduras
Que existe muita tortura
Cultura sabe que existe cultura
Cultura sabe que existem milhões de outras culturas
Baixaria na cultura tanto bate até que fura
Socorro elis regina
A ditadura pulou fora da política
E como a dita cuja é craca é crica
Foi grudar bem na cultura
Nova forma de censura
Pobre cultura
Como pode se segura
Mesmo assim mais um tiquinho
Coitada representada
Como se fosse um nada
Deus meu por cada feiúra
Sem compostura
Onde era pixinguinha elizeth macalé e o zé kéti
Ficou tiririca pura
Só dança de tanajura
Porcaria na cultura tanto bate até que fura
Que pop mais pobre pobre pop




Um comentário: